Edição #0 - Por que eu resolvi começar isso
Faz tempo que eu tenho vontade de criar algo.
Não um projeto gigantesco, nem uma nova empresa, nem mais um side hustle com planilha no Notion e metas impossíveis.
Só algo meu. Um espaço pra pensar, ou pelo menos, pra tentar entender por que eu penso tanto.
Eu passei boa parte da vida resolvendo problemas práticos: código que não compila, banco de dados lento, time sobrecarregado, prazos que não fazem sentido.
E, no meio disso tudo, percebi que o problema mais difícil de resolver é o que não tem ticket no Jira: o que a gente faz com o tanto de coisa que sente e pensa enquanto a vida acontece?
Essa newsletter nasce daí.
De uma inquietação que não cabe num tweet, nem num papo rápido no bar.
De uma vontade de escrever pra ver se organizo o caos, ou pelo menos dou nomes aos ruídos.
Nos últimos anos, eu reparei que a gente anda vivendo no modo automático da performance.
Acorda, corre, trabalha, finge que tá tudo bem, marca um happy hour, posta uma foto pra provar que ainda tem vida social, e volta pra casa exausto.
Mas o pior não é o cansaço físico. É o cansaço mental de ter que ser alguém o tempo todo.
Ser produtivo, ser saudável, ser interessante, ser tranquilo, ser bem resolvido.
Tudo junto. Tudo agora. E eu comecei a me perguntar:
Quando é que a gente virou um produto de nós mesmos?
Essa não é uma newsletter de autoajuda.
Não tenho respostas e, sinceramente, desconfio de quem tem.
Mas acho que dá pra conversar sobre o que é estar vivo sem precisar transformar tudo em lição.
Aqui, eu quero escrever sobre as contradições do cotidiano:
a culpa de não estar fazendo o suficiente, o medo de perder o controle, o prazer simples de um chopp bem tirado com um colarinho cremoso, o tédio que a gente não se permite, o corpo que muda e a cabeça que não acompanha.
Quero falar de tecnologia sem o culto ao “futuro”.
De trabalho sem aquela fantasia de propósito.
De envelhecer sem fingir que é só mais uma fase.
E, principalmente, de como a gente tenta dar conta de ser tanta coisa num mundo que nunca para.
O nome, A Vida de Quem Pensa Demais, é quase uma provocação pessoal.
Porque pensar demais é exaustivo, mas também é o que me mantém vivo.
Eu sou o tipo de pessoa que entra no banho pensando numa conversa que teve há três dias e sai com uma ideia de negócio nova.
Não sei desligar.
Então, se não dá pra parar o cérebro, que pelo menos eu aprenda a deixar ele trabalhar a meu favor.
Escrever, pra mim, é um jeito de desacelerar.
De transformar pensamento em texto, e texto em algum tipo de companhia — pra mim e, talvez, pra quem ler.
Não prometo constância militar nem profundidades filosóficas.
Prometo textos curtos (ou nem tanto), honestos, e provavelmente um pouco contraditórios, até porque eu também sou.
Algumas semanas vão soar leves, outras mais densas.
Alguns textos vão nascer de uma conversa de bar, outros de uma insônia.
Todos vão nascer de um incômodo real.
Se tudo der certo, essa newsletter vai ser um espaço pra respirar.
Pra rir um pouco da própria confusão.
Pra lembrar que pensar demais não é defeito, é só sinal de que a vida ainda tá passando por dentro, e não por fora.
Se quiser me acompanhar, é só assinar.
Toda semana, um texto novo. Às vezes sobre nada em particular, mas quase sempre sobre o tipo de coisa que a gente sente e finge que não tem tempo pra sentir.
Maurício


Eu amei Morris! É o relógio parando para as palavras darem vida ao que foi atropelado..
Ameiiiiii! Me identifiquei em varios momentos dos seus relatos, as vezes so da vontade desligar um pouquinho…
mais do que isso, tb me inspirou a dividir meus pensamentos sobre um tema central na minha vida e que tenho dificuldade de por pra fora. Quem sabe ne?
Vou te acompanhar ❤️